Criado em 1939 na Alemanha, o treinamento intervalado costumava ser aplicado  apenas em atletas, mas devido aos seus benefícios (como a melhora do  condicionamento cardio-respiratório, uma maior queima calórica se  comparado com o exercício feito no mesmo ritmo e o incremento de  atividades repetitivas), tem sido aplicado com sucesso nas academias e  em aulas com Personal Trainer.
Este é sem dúvida, um grande  estímulo para pessoas que consideram que o seu treino está chato,  monótono ou fácil de ser executado. Você pode trabalhar de forma  intervalada em modalidades esportivas diferentes (tanto fazendo a mesma  atividade, como fazendo atividades diferentes) como caminhada, corrida,  natação, transport ou corss trainer, bicicleta, e até musculação, mas no decorrer do post vamos abordar os aspectos do treinamento intervalado para corredores.

O treinamento intervalado  constitui-se em um método de treinamento muito difundido na preparação  para as corridas de fundo, devido à sua eficiência na promoção de ganhos  consideráveis para o desempenho competitivo dos corredores.
A  proposta do treino intervalado consiste na repetição sistemática de um  determinado número de estímulos, intercalados com pausas de recuperação  ativa.
Esses estímulos, ou "tiros" no  jargão do atletismo, são realizados em distâncias, ritmos, quantidade e  intervalos pré-determinados, conforme seja o condicionamento físico do  corredor.
O treino intervalado apresenta  inúmeras variantes metodológicas, mas para o nosso interesse,  abordaremos apenas o trabalho de caráter aeróbio / anaeróbio. Sendo  assim, o objetivo do treino intervalado aqui proposto é o aprimoramento  combinado da resistência e da velocidade, submetendo o aparelho  cardiovascular e o metabolismo muscular do corredor a uma série de  estímulos, sendo que o intervalo entre os "tiros" deve proporcionar  apenas uma recuperação parcial do organismo.
Os efeitos fisiológicos do treinamento intervalado consistem no aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2max)  e da conseqüente melhora do sistema cardiovascular (aumento da  capacidade do coração e do sangue), em fornecer mais oxigênio aos  músculos para a realização do trabalho em regime de "queima" de  carboidratos.
A maior densidade capilar  (aumento do número de vasos sangüíneos nos músculos) promove adaptações  fundamentais no sistema de fornecimento de oxigênio e nutrientes aos  músculos, retardando o surgimento da fadiga. Assim, o maior fluxo  sangüíneo e oxigenação permitem que adaptações bioquímicas eliminem  eficazmente os resíduos metabólicos nocivos que prejudicam o trabalho  muscular. Esse tipo de treinamento exige "velocidade e força", sendo  muito útil para promover as adaptações na resistência específica do  corredor para as competições.
As  alterações fisiológicas decorrentes do processo de treino intervalado  fazem com que a fadiga se manifeste cada vez mais tarde e que o  organismo se recupere mais rápido durante os intervalos, promovendo a  ampliação da capacidade de velocidade e resistência do corredor.
Metodologicamente,  os pontos básicos do treino intervalado são: distância ou duração do  estímulo, intensidade, pausa, número de repetições, ação durante o  intervalo e volume da sessão de treino. 
As distâncias irão variar conforme seja a especialidade do corredor.  Considerando-se a distância em que o corredor irá competir, temos alguns exemplos, mas é muito importânte procurar uma orientação profissional para adequar os estimulos ao nível de treinamento:
5 km: 8 a 12 x 200 m e/ou 4 a 6 x 800 m
10 km: 8 a 10 x 400 m e/ou 4 a 6 x 1.000 m
15-21 km: 4 a 5 x 1.500 m e/ou 2 a 3 x 3.000 m
Maratona: 4-5 x 3.000 e/ou 3 a 4 x 5.000 m
A  intensidade do exercício determina o ritmo em que o corredor terá que  cumprir a distância proposta pelo treinamento. O objetivo é habilitar o  mesmo a percorrer as distâncias propostas em uma intensidade superior ao  ritmo médio de competição. Portanto, o corredor deverá percorrer os  trechos estipulados em uma velocidade maior que a velocidade prevista na  prova.
O intervalo entre  os "tiros" deve ser o suficiente para uma recuperação parcial do  organismo. Assim, a pausa pode ter uma variação de 1-3 min. nas  distâncias compreendidas entre 200 - 1000m, e de 3-5 / 10 min. para as  distâncias entre 3000-5000m. O corredor deverá estar se sentindo  disposto ao iniciar o próximo estímulo. 
Será  de acordo com a capacidade aeróbia do corredor. Dessa forma, a  quantidade de repetições deve ser estipulada conforme seja o  condicionamento do corredor e a sua disposição no momento do treino.  Sabemos que nem todos os dias a disposição para realizar as tarefas da  preparação é a mesma. Há dias e dias. Isso depende de vários fatores  (alimentação, repouso, preocupações diárias etc.). Portanto, temos que  observar o que diz o nosso corpo no dia do treinamento e não apenas a  programação que consta na planilha, pois não devemos ultrapassar  determinados limites que poderiam pôr em risco a saúde.
Durante a pausa, o corredor deverá executar um trote ou uma caminhada,  aguardando aquela "sensação de alívio" nos músculos das coxas e pernas. O  corredor também pode e deve se hidratar nesse momento. O treino deverá  ser interrompido quando o desconforto muscular persistir após o tempo  estipulado para a pausa encerrar. Isso é muito importante, pois indica  que o esforço físico para a execução do treinamento alcançou o seu  limite. É a hora de parar, de trotar e alongar-se. A fadiga  definitivamente chegou, e o treino acabou! O corredor atento irá  perceber que o cansaço começa a se apresentar após 40-55% do treino  realizado. Daí em diante mais força será exigida para o cumprimento do  exercício. A resistência específica estará sendo posta em prova!
Como se trata de um trabalho de caráter aeróbio / anaeróbio, o volume,  ou seja, a quilometragem percorrida durante a sessão de treino, deverá  ser o suficiente para a promoção dos benefícios da prática regular do  treino intervalado. Assim, para os corredores de 5 km, entre 2400-4800m  já serão suficientes, sendo que para os maratonistas o volume será  relativamente mais elevado, em torno de 12-20 km.
Todos  esses parâmetros servem como orientação para o treinamento, pois são  fundamentais para a consecução dos processos de adaptação fisiológica e a  melhora do rendimento atlético. A distância, as repetições, o tempo  destinado à pausa, a intensidade, as ações durante o intervalo e o  volume total da sessão constituem-se na metodologia básica do  intervalado. Se não observarmos essas regras, o treino será inútil e o  nosso precioso tempo terá sido desperdiçado. É a combinação desses  elementos que irá proporcionar ao corredor o aumento da velocidade de  corrida.