segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Treinamento Funcional (3º parte).

MAIS UM ARTIGO EXTRAIDO DA UNIVERSIDADE DO FUTEBOL

O treinamento do core para o alto rendimento
Utilizado na Grécia Antiga, o treinamento funcional ressalta a importância da especificidade e da funcionalidade nos esportes
 
Por Rafael Martins Cotta

   Atualmente, a questão do treinamento não está apenas ligada aos âmbitos técnico, tático, físico, de força, velocidade e flexibilidade, e sim, à especificidade e funcionalidade das modalidades e gestos a se realizarem na competição.
  A falta de especificidade nos treinamentos pode atrapalhar a evolução do atleta de acordo com a modalidade, ou seja, treinos que diferem os exercícios do desporto ocupam o tempo de preparação com itens menos eficientes. O termo funcional, muito usado nos dias de hoje, refere-se à função que o exercício tem com a musculatura e os movimentos envolvidos na atividade principal, e que este treinamento seja planificado cada vez mais, buscando suprir essas funções específicas da modalidade.
  Porém, o treinamento funcional não é uma novidade, pois a funcionalidade do ser humano já foi uma questão de sobrevivência, como nos 12 trabalhos de Hércules, nos jogos olímpicos da Grécia Antiga, e em Roma Antiga entre os gladiadores, onde eram criados meios e métodos de treino específicos para superação de seus resultados.
   Em outras palavras, “core” significa núcleo, ou seja, um tipo de treinamento que trabalhe a região central do corpo, o ponto de equilíbrio, considerando que um centro de gravidade bem fortalecido poderá melhorar o rendimento das atividades funcionais do corpo em relação às atividades desportivas e/ou cotidianas.
Existem diversas nomenclaturas para a mesma técnica, porém, todos se referem a uma descrição genérica do controle muscular abdômino-lombopélvico necessário para estabilizar a coluna lombar e proporcionar estabilidade funcional de todos os segmentos corpóreos. O trabalho visa estabilizar 29 músculos de forma coordenada, sendo neste grupo onde se iniciam movimentos que se realizam tanto com os membros inferiores quanto com os superiores. O conjunto destes músculos pode ser dividido em dois grupos:
 
1) Músculos superficiais ao redor da região lombar e abdominal (reto-abdominal, para-vertebrais e oblíquos externos), possuindo em sua maioria fibras de contração rápida e um grande braço de alavanca, podendo desenvolver um grande torque auxiliando na aceleração e desaceleração do tronco;
 
2) Músculos profundos e intrínsecos responsáveis pelo ajuste postural nos movimentos (transverso do abdômen e multifídeo).
 
   Arranques, acelerações, giros, podem ser mais eficientes com um core mais fortalecido e o melhor deste trabalho está em prevenir lesões advindas do centro corporal muitas vezes enfraquecido. Um treino que englobe esses dois grupos torna o trabalho mais eficaz, relacionando rendimento com prevenção.
    Desportos como o futebol, por possuírem um grupo extenso de jogadores, deixam os atletas expostos ao sofrimento de lesões pela alta intensidade das ações, volume, contato físico, etc. Torna-se difícil para a comissão técnica poder contar com todos os atletas para as partidas, sendo que muitas vezes erroneamente os preparadores físicos são culpados pelas lesões dos jogadores. Atletas treinam em altos volumes e intensidades, e competem em altos picos de carga, sendo que, como já descrito anteriormente, os mesmos estão sujeitos a se lesionarem. O trabalho que pode ser realizado é o preventivo. Mesmo assim, está-se longe de afirmar que acabaremos com as lesões, e sim se minimizarão as suas ocorrências.
   Muitas vezes, essas lesões aparecem por regiões enfraquecidas, principalmente na parte central, em musculaturas auxiliares, onde o trabalho de força realizado não causa adaptações.
   Por conta dessa região ser o ponto de equilíbrio corporal, o trabalho a se realizar relaciona-se à capacidade física de coordenação, treinando o equilíbrio com consequente obtenção de um movimento mais estável e com maior funcionalidade, enfatizando a região do core com trabalhos próximos ao gesto desportivo. O treinamento isométrico destas regiões compensará a falta de equilíbrio e, quando exigida, poderá, provavelmente, evitar uma lesão.
   Entende-se por transferência a relação do treinamento com o gesto técnico e motor específico da modalidade, em que, quanto mais específico for o exercício, maior será a transferência para o gesto e, consequentemente, maior rendimento desportivo.
   O treinamento do core requer certo nível de conhecimento e especialização dos profissionais que trabalham com ele, sabendo seguir os programas, os volumes, as fases, as intensidades, e outros itens necessários para aplicação deste tipo de atividade. Uma aplicação adequada pode trazer resultados importantes num macrociclo, tanto no rendimento atlético quanto na prevenção das lesões.
    Apesar da atual popularidade do core, poucos estudos têm sido feitos para demonstrar o benefício para atletas saudáveis.
 
Bibliografia: 
Fredericson M; Moore T. Core stabilization training for middle-and long-distance runners. New Studies in Athletics. 2005; 20:1; 25-37.
www.wikipedia.com.br: acesso em 19/10/2009.
 
Richardson C; Jull G; Hodges P; Hides J. Therapeutic exercise for spinal segmental stabilization in low back pain: scientific basis and clinical approach Edinburgh (NY): Churchill Livingstone: 1999.
 
Akuthota V, Nadler S F. Core Strengthening. Arch Phys Med Rehabil. 2004; 85(3 Suppl 1): S86-92.
 
Leetun D T; Ireland ML; Willson JD; et al. Core stability measures as risk factors for lower extremity injury in athletes. Med Sci Sport Ex. 2004; 926-934.
 
Marshall PW; Murphy BA. Core stability exercises on and off a Swiss ball. Arch Phys Med Rehabil. 2005; 86; 242-9

J. Strength Cond. Res. 2007 Aug; 21(3):979-85.

Fonte:www.universidadedofutebol.com.br/2009/11/1,4302,O+TREINAMENTO+DO+CORE+PARA+O+ALTO+RENDIMENTO.aspx?p=1

Com esta postagem finalizo temporariamente o assunto do Treinamento Funcional.
Obrigado pela atenção!
Grande abraço a Todos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Treinamento Funcional (2º parte)

ARTIGO EXTRAIDO DA UNIVERSIDADE DO FUTEBOL.

Treinamento funcional e equilíbrio corporal
Identificando os alvos do atleta de futebol para melhor treiná-lo
Equipe Universidade do Futebol
Do ponto de vista biomecânico voltado ao futebol, todo gesto motor apresenta instabilidade articular, principalmente dos membros inferiores. A corrida, o chute, o salto para um cabeceio, uma disputa de bola, todos esses movimentos dentre os milhares que existem neste esporte apresentam uma complexidade de sistemas corporais interagindo para que o organismo possa melhor executá-lo sem grandes perturbações e com extrema precisão.
De acordo com BERG (1989) citado por GOLDENBERG & TWIST, o equilíbrio pode ser entendido por três caminhos: a capacidade de manter uma posição, a capacidade para voluntariamente mover-se e a capacidade para reagir a uma perturbação.
Os músculos do corpo apresentam continuamente uma corrente para corrigir os distúrbios no centro de gravidade. Vale ressaltar que, quando o atleta está em pé, o centro de gravidade passa proximalmente e anteriormente à segunda vértebra sacral da coluna e esse ponto se modifica conforme os movimentos do jogo. Sendo assim, posso citar como exemplo o desafio do equilíbrio que força o corpo para frente, quando a base de suporte está nos pés e a cadeia de sistemas que contrapõe esse movimento começa com o tornozelo. Os músculos posteriores do tornozelo e das pernas contrairão para contrapor-se ao movimento, puxando o corpo e conseguindo promover o equilíbrio de modo a levar o ponto gravitacional ao lugar específico do corpo. Se o equilíbrio está forçando para trás, os músculos anteriores da perna serão contraídos e o trabalho para puxar as costas para o centro de gravidade se realizará.
Outro exemplo disto é quando o atleta realiza o chute. Nesse momento o peso do corpo é suportado somente por uma perna. Há um incremento do desafio do equilíbrio lado a lado do pé que está apoiado, no qual seguirá de pronação e supinação desta articulação neste membro. Em alguns instantes, o equilíbrio do corpo será muito forte nesta região para reagir contra o desafio do equilíbrio. Quando isso acontece, o atleta passa a usar não só os músculos que envolvem a articulação do tornozelo, mas também os músculos das pernas, quadris e costas para contrapor-se ao movimento.
Para treinar o equilíbrio sem perturbações e até aumentar sua performance, é necessário observar um conjunto de sistemas complexos motores e sensoriais. É importante enfatizar que antes do início deste treinamento, o atleta deve estar com força e flexibilidade bastante desenvolvidas. Desta maneira, as capacidades funcionais corporais podem ter muitos benefícios para um melhor desempenho atlético. Dentre os sistemas motores estão presentes: as qualidades físicas corporais(força, potência, resistência ) e o tônus da base. Em relação aos sistemas sensoriais temos: o sistema proprioceptivo, o sistema visual, o sistema vestibular e o sistema de controle motor. Este último pode ser entendido também como um sistema motor.
Portanto, ao treinar nosso corpo, devemos pensar que ele é um sistema interligado. Cada músculo tem receptores para avaliar as posições relativas ao espaço e a todo o equilíbrio corporal. Eles estarão em comunicação, interligando informações para tentar produzir um dado movimento. Isso acontece desde que todos os sistemas funcionem em harmonia para as exigências corporais desse esporte, podendo o atleta, estar livre de incômodos (dores articulares, ligamentar etc.). Para isso é necessária uma alta treinabilidade.
Bibliografia
GOLDENBERG, L. & TWIST, P. Strength Ball Training: 69 exercises using Swiss balls and medicine balls. United States of America. Human Kinetics. 2002.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Treinamento Funcional (1ºparte)



Cada vez mais pessoas que praticam esporte, independentemente do nível, procuram métodos de se condicionar para suportar as demandas tanto físicas quanto energéticas de suas modalidades, para isto muitas vezes estas pessoas realizam paralelamente ao esporte escolhido um treinamento que busca aumentar valências físicas como força, potência, velocidade e flexibilidade. Porém, na maioria das vezes este treinamento envolve padrões de movimentos e sistemas energéticos que em nada se assemelham aos utilizados no esporte praticado.
É neste contexto que emerge o treinamento funcional ou treinamento funcional resistido que em suma consiste em reproduzir de forma mais eficiente possível os gestos motores e/ou os sistemas energéticos específicos não só do esporte praticado como também da vida diária, causando adaptações que serão muito próximas das que o organismo precisará durante a prática do esporte, isto confere a este tipo de treinamento um caráter aparentemente não ortodoxo que trabalha o corpo de forma integrada desenvolvendo além das valências físicas envolvidas na atividade também componentes neurológicos como equilíbrio e própriocepção que são importantíssimos na vida humana de forma geral não só no meio esportivo.
Este treinamento tem sua base científica no princípio do treinamento esportivo conhecido como princípio da especificidade, que preconiza as adaptações, tanto energéticas quanto motoras,  devem ser específicas ao esporte praticado.
Não podemos nos esquecer do grande suporte que este tipo de treinamento oferece como uma forma bastante eficaz de se proteger as articulações e músculos envolvidos com o esporte, pois sabemos que o treinamento funcional é usado para prevenir futuras lesões esportivas, tanto que hoje os grandes times de futebol, trabalham com equipes integradas (Preparadores Físicos, Fisiologista e Fisioterapeutas) e aplicam esta forma de treinamento com este objetivo, conseguindo com isso resultados muito efetivos.
Um bom profissional, antes de montar um treinamento, deve buscar conhecer as demandas energéticas e os gestos motores envolvidos no esporte em questão e incluir no programa de treinamento, além dos exercícios convencionais nos aparelhos uma boa parte de exercícios funcionais que vão proporcionar ao praticante adaptações tanto fisiológicas como neurológicas que vão proporcionar ao indivíduo que realiza este tipo de treinamento muito mais eficiência e segurança durante a prática do esporte, sem mencionar que os exercícios funcionais por se aproximarem muito da prática tornam o treinamento muito mais dinâmico, prazeroso e menos monótono para quem o realiza.


Até a proxima companheiros!
Nos proximos poste irei abortar outros aspectos do treinamento funcional.
Abraço a todos!